29 de abril de 2013

Geuze Mariage Parfait

O bom texto sobre a Boon (desculpe o trocadilho) que segue, também foi extraído do site da Bier & Wein e, da mesma forma meus” pitacos” apareceram:
 
Durante o século 12, em meio às contínuas guerras pela Europa, muitas “cidades livres” se originaram. Lembeek, sudoeste de Bruxelas, se tornou uma cidade desse tipo e concedeu aos seus habitantes a abolição de impostos. Isto também significou que produtores poderiam fabricar cerveja sem o peso das taxas e, como resultado, numerosas cervejarias surgiram na área. A fabricação de cerveja floresceu. A maior parte da produção ocorria em períodos mais frescos como outono e inverno, otimizando a atividade da levedura selvagem (10-20°C) e melhorando a refrigeração da cerveja. Ainda hoje, a Boon apenas produz de Outubro a Abril. Pelo fato de as cervejas de Lembeek começarem a fermentar espontaneamente depois de alguns dias em um tonel de madeira, os produtores de Lembeek nunca desenvolveram uma cultura de levedura para suas cervejas. Isto é único e ainda acontece hoje. Lambic é a culminação de toda a história da fabricação da cerveja ainda produzida hoje e aperfeiçoada pela tradição belga de fabricação. Além das lambic fruit, a Boon produz cervejas geuze, outro estilo de fermentação espontânea. Geuze Mariage Parfait, também importada desde 2009, é o “casamento perfeito” entre cervejas Lambic envelhecidas, selecionadas pelo próprio mestre-cervejeiro. É uma mistura de 100% de cervejas deste estilo, maturadas em tonéis de carvalho, passando ainda por uma segunda fermentação na garrafa, uma tradição mantida desde 1835. Esta cerveja tem pelo menos três anos de idade quando engarrafada. É uma cerveja seca, bastante atenuada (baixa doçura), com baixa carbonatação e caracterizada por intensos ésteres frutados e sabor especialmente ácido. Aromas "animais", como couro e cavalo, são tipicamente encontrados neste estilo, resultado da fermentação por leveduras selvagens. Seguem as impressões da Geuze Mariage Parfait:

Geuze Mariage Parfait
Safra 2004
Deg. 28/04/2013
Família – Lambic
Estilo – Gueuze
Teor de álcool – 8,0 %.
Temperatura de serviço – 5 a 7 graus.
Cor – Dourado intenso/âmbar, límpida.
Espuma – Boa formação e média/pouca duração, bege.
Aroma – “Celeiro” evidente, terroso, leve cítrico, (azeitonas em conserva??).
Sabor – Leve corpo e média carbonatação, salgado, boa acidez, vinagre, cítrica e terrosa, amargor moderado, final seco, salgado e amargo.
Veredicto – Como já devem ter lido, esta geuze é da safra de 2004, ou seja, faz nove anos que está descansando na minha adega! E poderia ficar lá quietinha até 2028, segundo os produtores! Os 8% de álcool são totalmente despercebidos. Uma delícia. Exemplar de cerveja com informação sensorial rica, mas ao mesmo tempo, até “neutra”. É realmente interessante este rótulo! Quando se fala em aroma de “celeiro”, alguns podem torcer o nariz, mas o que parece uma crítica, na verdade é um elogio para este estilo, e esse “aroma de celeiro, cobertor de cavalo”, define as cervejas de fermentação espontânea. Essa tem que estar na mesa do cervejeiro! Santa Cerveja !!

18 de abril de 2013

Kriek Boon

A cerveja que apresento hoje e a que virá na sequência, são realmente diferenciadas, a começar pelos “prazos de validade” que são bastante longos e por serem safradas. Um pouco da história da Boon é contada no texto abaixo extraído do site da “Bier & Wein” com alguns “pitacos” meus:
 
O mais antigo registro do que hoje é a cervejaria Boon data do início de 1600. Algum tempo depois, em 1860, Louis Paul adquire a cervejaria e a chama de “Brasserie de Saint Roch” e fabrica exclusivamente cervejas Lambic e Faro, outro estilo de fermentação espontânea. Por volta de 1875, as primeiras tentativas de engarrafar Geuze-Lambic são registradas. A recessão econômica de 1927 leva a operação à bancarrota e apenas uma pequena parte da cervejaria é comprada e mantida em operação pelo renomado produtor e proprietário de hospedaria De Vits. Frank Boon, que já tinha modestamente iniciado a produção de Lambic em Halle em 1975, adquire a cervejaria de De Vits em 1978. Ao crescer rapidamente, a cervejaria Boon muda para uma melhor e mais espaçosa locação no centro de Lembeek. A partir de 1989, torna-se operacional. A Boon é hoje a quarta maior fabricante de Lambics na Bélgica e pertence à Palm, maior cervejaria independente desse país.  As cervejas da Boon são produzidas em Lembeek, no vale de Zenne, região rica em leveduras selvagens da espécie Brettanomyces, necessidade absoluta para a produção de Lambic. Inclusive, Lambic é também uma denominação de origem controlada (D.O.C.), sendo considerada autêntica somente as produzidas em Lembeek. A técnica de produção de Lambics é bastante rudimentar e as cervejas da Boon até hoje são maturadas em tonéis de carvalho, sendo que o tonel mais antigo da cervejaria é de 1883.  A Kriek Boon, importada desde 2009, é uma cerveja de fermentação espontânea que leva cerejas (Krieken) em sua formulação.  Utilizando somente frutas inteiras e puras, a Kriek Boon é obtida via maceração de cerejas. Este método é conhecido da cultura do vinho e exige que a fruta seja adicionada inteira, no momento da fermentação da cerveja (fase fria). Originalmente, apenas cerejas da variedade Schaarbeekse eram usadas, mas já que se tornaram raras demais, Boon agora utiliza outras variedades, todas Griottes. Curiosidade: são utilizadas ao menos 250 gramas de cereja para cada litro de cerveja Kriek Boon produzida.Como todos os rótulos da cervejaria, a Kriek Boon, uma lambic fruit, utiliza cervejas 100% Lambics como base para sua produção. É uma receita feita com o blend de Lambics jovens e envelhecidas, sendo ainda maturada em tonéis de carvalho. Este rótulo foi vencedor da medalha de ouro do concurso Monde Selection da Bélgica. Seguem as impressões da Kriek Boon:
 
Kriek Boon
Safra 2008
Deg. 18/04/2013
Família – Lambic
Estilo – Fruit Lambic
Teor de álcool – 4,0 %.
Temperatura de serviço – 5 a 7 graus.
Cor – Vermelho escuro acobreado, levíssima turbidez.
Espuma – Boa formação e boa duração, rosada e cremosa.
Aroma – Cereja delicada mas evidente, “celeiro”, acético moderado (vinagre).
Sabor – Leve corpo e boa carbonatação, cereja moderada, leve salgado, acidez média, levíssimo adocicado, final seco com leve salgado.
Veredicto – Boa cerveja lambic da safra de 2008. Difícil saber qual lambic me agrada mais. Sempre que degusto uma Boon, prefiro algumas safras a outras, mas toda vez saio satisfeito com a experiência. E experiência é experiência, né!!!!! 

12 de abril de 2013

Lindemans Faro Lambic

Outros rótulos da Lindemans já estão disponíveis no nosso mercado trazidos pela Bier & Wein. Hoje é possível encontrar Lambics com maçã e cassis, mas ainda não as achei!!! Então vamos à Faro que nada mais é de que uma lambic sem adição de frutas e com adição de açúcar para equilibrar a acidez arrebatadora da lambic pura. Das versões que degustei da cervejaria até agora, esta me fez abrir outra garrafa assim que acabei com a primeira. Muito boa! Seguem as impressões da Lindemans Faro Lambic:

Lindemans Faro Lambic
Deg. 20/03/2013
Família – Fermentação Espontânea
Estilo – Faro 
Teor de álcool – 4,2 %.
Temperatura de serviço – 2 a 4 graus (cervejaria sugere 5 graus).
Cor – Âmbar, límpida.
Espuma – Boa formação e boa duração, bege clara, bastante cremosa.
Aroma – Celeiro, levemente frutada, levedura.
Sabor – Leve corpo e média carbonatação, média acidez, doçura agradável, frutada (maçã?), levíssimo salgado.
Veredicto – É fantástica! Quando degustei as duas primeiras da Lindemans (Pecheresse e Framboise) pensei que a Faro não teria como impressionar!!!! Ledo engano... Cerveja única de estilo também único. A adição de açúcar para equilibrar a enorme acidez desta lambic deixa a receita muito especial. E sim, percebe-se um salgadinho bem gostoso no conjunto! Demais! Santa Cerveja !! 

9 de abril de 2013

Lindemans Framboise

Continuando com as cervejas de fermentação espontânea da belga Lindemans, seguem as impressões da Lindemans Framboise:

Lindemans Framboise
Deg. 20/03/2013
Família – Fermentação Espontânea
Estilo – Lambic Fruit
Teor de álcool – 2,5 %.
Temperatura de serviço – 2 a 4 graus (cervejaria sugere servir “fresca”, no site de 2 a 3 graus).
Cor – Cor de vinho tinto.
Espuma – Boa formação e boa duração, rosa, cremosa.
Aroma – Bala de framboesa, leve celeiro, (leve madeira??), (vegetal cozido??).
Sabor – Leve corpo e boa carbonatação, framboesa, doce, boa acidez, final doce seguido de acidez intensa, refrescante. O gostinho da framboesa está sempre presente, desde o gole até depois que engolimos a cerveja.
Veredicto – Outra delícia! Leve, aromática. Menos doce que a Pecheresse e mais ácida. Também mais intensa. E pra arrematar tão boa como a versão com pêssego.

8 de abril de 2013

Lindemans Pecheresse

Olá cervejeiros de plantão! Sim, eu sei que sumi legal, certo?! Recebi vários e.mails de cervejeiros e amantes de cerveja querendo saber se eu tinha morrido! rsrsrs Pior que é sério mesmo!!!! rsrsrs. Para alegria de alguns e decepção de outros tantos... ESTOU VIVASSO!!! E felizmente muito envolvido com a Haicki Bier. Mas tenho um carinho pelo Santa Cerveja !! que foi um canal que me deu a oportunidade de trocar informações sobre o assunto cervejeiro com pessoas de todo o Brasil e do mundo. Por isso, posso até sumir de vez em quando, mas parar de relatar minhas impressões sobre as cervejas que degusto, só quando morrer mesmo!!! De qualquer forma é bom perceber que tem uma galera que curte meu trabalho pra valer!!! Tô de volta e venho com uma batelada de cervejas de fermentação espontânea para o deleite dos apreciadores da acidez!!! Pra iniciar, falemos da Lindmans. A belga Lindemans é uma cervejaria familiar, localizada em Vlezenbeek, cidade que fica a sudoeste de Bruxelas, na região do Vale do Senne, abundante em leveduras selvagens e onde são produzidas as autênticas Lambics, as famosas cervejas de fermentação espontânea. Desde 1811 a Lindemans fabrica cervejas valendo-se de uma mistura (blend) de Lambics com envelhecimento de 1 a 2 anos e são produzidas apenas nos meses de inverno que vai de outubro a maio. Outra característica das cervejas de fermentação espontânea é a utilização de lúpulos secos e envelhecidos, objetivando aproveitar apenas suas características conservadoras sem no entanto destacar seu amargor. A Lindmans também se valhe desta técnica. Seguem as impressões da Lindemans Pecheresse:
 
Lindemans Pecheresse
Deg. 20/03/2013
Família – Fermentação Espontânea
Estilo – Lambic Fruit 
Teor de álcool – 2,5 %.
Temperatura de serviço – 2 a 4 graus (cervejaria sugere 5 graus).
Cor – Alaranjada, límpida.
Espuma – Boa formação e média duração, bege bem clara.
Aroma – Leve pêssego, leve celeiro.
Sabor – Leve corpo e boa carbonatação, pêssego, doce, ácida, frutada, levíssimo amargor final, leve adstringência.
Veredicto – Com 2,5 % de álcool, brilhante, saborosa com doçura e acidez na medida ideal, não tem como beber uma só! Deliciosa e delicada lambic com frutas. Aqui, utiliza-se o suco de pêssego. Sem exagero!!! Perfeita com pratos agridoces.